IESA - Santo André
2º ALEN - Turma 2011

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Olurum e seus filhos por Jorge Barbosa

Olorum
            No principio, Olorum era o verbo e o verbo era Olorum. Cansado de tanto nadar na escuridão e nas trevas ao seu redor, o espaço, resolveu descansar e disse: “Que haja luz”! E ao seu redor surgir um reino inteiro incandescente. Mas faltava lhe algo. Então Olorum disse: Nanã Buroke. E num terço de espaço surgiu a belíssima terra firme.
Olorum já tinha tudo em seu reino menos filhos. Um deus sem filhos, não é plenamente feliz e esplendoroso suficiente. Falta-lhe paz e infinitividade.
Nanã Buroke olhava doutro lado através do oceano negro, o espaço, em silencio. Ela é a deusa, a magia, a sabedoria, o tempo e a terra firme. Olorum do seu trono olhava para ela também.
Os olhos são as janelas da alma, não há palavras que descrevam a realização de desejos e num piscar de olhos de Nanã Buroke, Olorum entendeu a mensagem da deusa, seguiu suas vontades, seus instintos, pensou, sonhou e criou de uma só vez seus quatro filhos: três guerreiros e uma guerreira.
Os filhos de Olorum nasceram curiosos, fortes, grandes e jovens. Eles tinham o Pai em todas as suas necessidades e horas. Era incrível como ele se dividia em quatro pelos filhos nos menores favores. Um pai pode cuidar de três filhos, mas três filhos não podem cuidar de um pai.
Um dia, os três guerreiros partiram pelo oceano negro imenso, profundo e silencioso. Mesmo com as advertências de Olorum, viraram asteróides que cortam rapidamente o espaço em direção a Nanã Buroke. O pai não negou-lhes esse desejo.
Restava a guerreira, afinal de contas ela não questionava abertamente o Pai, era discreta e amiúde com tudo e todos. E por isso que a filha devia ser feita doutra matéria. Ela demorou na despedida com o Pai, estava determinada em cuidar dos irmãos, garantir-lhes o conhecimento, a fatura, a moderação, a prosperidade, a prudência, o raciocínio e o triunfo. Tinha muita preocupação e gratidão por Olorum. Sabia que seria por pouco tempo. Bateu as asas tornando se delicada pedra branca chorando diamantes brancos pelo espaço.
Os filhos de Olorum
           
Nanã Buroke recebeu todos os filhos de Olorum de braços abertos, tanto que eles se partiram em quatro partes. Infelizmente muitos sonhos não foram realizados, tinha que se criar tudo como no reino de Olorum. Os guerreiros gostaram do desafio e correm cada um a seu modo. Construindo, destruindo, reconstruindo, reformando, desmoldando, moldando, inventando, sorrindo, gritando, chorando, dormindo, sonhando, gostando e esperando.
A guerreira partiu-se em: Anciã, Bruxa, Guerreira e Santa. Que demoraram mais olhando o mundo e conversando com a Deusa:
- Por que somos poucas aqui?
- Uma mãe pode cuidar de muitos filhos como um pai, mas muitos filhos não podem cuidar de muitas mães como dos pais.
- Somos de matérias diferentes?
- Não, nascemos do mesmo lugar.
- Por que você não se parte?
- Não preciso, tudo que sou é uma parte de quem vê, de quem escuta e de quem sente. Eu sou Nanã Buroke, a deusa, a magia, a sabedoria, o tempo e a terra firme.
- Tens filhos?
- O arco da velha (Oxumaré), a lua que traz o anoitecer (Euá) e a flora toda (Ossãe). Vocês não se cansam de tantas perguntas?
Fez-se um grande silencio e o mundo quase parou, a lua anoiteceu tudo, os diamantes eram estrelas mostrando no céu os caminhos de volta a Olorum. Os guerreiros não tinham olhos para isso e dormiram. As três partes choravam seus diamantes para Deusa.
- O que faremos agora? - perguntou Nanã Buroke tentando acalmar as partes.
As partes se olharam. E a Anciã que desde o começo já tinha vontade de voltar se resolveu. Abraçou cada uma, não estava cansada, mas feliz. Era preciso coragem, pois viver é muito perigoso.
- Os corajosos são os primeiros a morrer ás vezes – respondeu a Anciã chorando mais diamantes.
Ela bateu as asas tornando se delicada pedra branca chorando diamantes brancos pela terra firme até chegar ao espaço. Todas ficaram ali acenando. A viagem foi tranqüila e mais rápida que a partida. Ela voltou como se nada tivesse ocorrido,  Olorum nunca mais ficou só e preocupado com os filhos: ele sabia que eles eram felizes, as suas maneiras, e  podiam voltar quando entendessem...

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