IESA - Santo André
2º ALEN - Turma 2011

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Madaleno por Jorge Barbosa

Minha mãe não sabia que quando colocou meu nome de Madaleno, eu ia seguir os passos de Maria Madalena, entre tantos homens e fortunas. Minha avó me culpava pela morte de mamãe e outros tantos infortúnios na vida dela. Eu não gostava de pensar nisso, mas quando abri os olhos nessa fatídica madrugada revi esse filme em minhas memórias.
                Como já tinha dito, eu abri os olhos e completamente nu desci as escadas da mansão até a piscina fria e pálida pela lua cheia. Dei algumas braçadas até ser seguro fortemente por Jesus, que me despertou com um osculo e fugiu para o quarto dos empregados, meio rarefeito.
                Que sensação estranha nos tomará àquela hora, solidão de náufragos de nossas vidas, penso eu. Quero algo novo, mas sei que não devo. Fazia bem o meu papel até então, esquecia dos quinze anos que passei como prostituto num famoso bordel da cidade de São Paulo, há dois anos era uma marionete perfeita na mão de Judas em suas orgias e crimes.
Nunca assinei um contrato de trabalho com Judas, nem precisava, ele era um “um deus que se deseja e teme ao mesmo”. Pele macia e alva, cabelos loiros, olhos azuis, corpo robusto, forte, lindo e rico. E Jesus, com seus vinte e poucos  anos, era esbelto, moreno claro, cabelos encaracolados, atencioso e por de mais quieto. Duas belezas raras de apreciar e desejar quietos.
Incomodo com tudo isso, sai da piscina e foi para meu canto preferido jardim, me encolhi, mas não por muito tempo. Violento como só ele, Judas me atirou o roupão branco e me arrastou pelas alamedas de hospedes e por fim até a sessão dos empregados. Reza para que ele não tivesse visto meu beijo inocente e até ingênuo com jardineiro.
Como não havia ninguém na mansão para os espetáculos diários, Judas não gritou nem  chutou a porta da alcova de Jesus, só abriu rápido a porta para flagramos ele nu se masturbando. Ele não entendia o que estava acontecendo e envergonhado puxou o lençol cobrindo sua nudez total.
- Toma seu homem, seu vádio – falou mansamente Judas lançando-me na cama de Jesus e sentando na poltrona em frente.
- Eu não posso. Você deve estar louco? – respondi indignado.
- Como sempre – Judas respondeu apontando o revolver contra Jesus – faz me rir!
- Desculpe-me eu não tenho escolha, Jesus.
Para minha surpresa, Jesus passou a mão pela cabeça e puxou-me para ele com um pequeno sorriso, tentando manter a concentração e desejo anterior. E eu fui me entregando, deixando as lagrimas molharem tudo, uma marionete que a cada fio puxado erguia um braço, uma perna ou rodopiava o corpo. Não me acostumava ainda com esse sexo vulgar e imperfeito.
Quando finalmente deixei Jesus satisfeito e derrotado na cama, dormindo profundamente, foi abduzido por Judas num sexo sujo na poltrona, tirei lhe o revolver da mão e enfim, sorrindo dei-me um tiro na cabeça. Seguro e em paz finalmente livre revendo o filme de minha trágica existência.

1 comentários:

Lucas Santos disse...

Oao

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